quinta-feira, 28 de abril de 2011

3ª Oficina: Vamos conviver com a diferença!

Tema: Conviva com a diferença! Diga não à discriminação!
3ª Oficina: Vamos conviver com a diferença!
Introdução:

Nesta oficina intenciona-se, através da experiência da Cléo, uma ratinha diferente, levar as crianças a comprometerem-se com atitudes de aceitação e reconhecimento do outro, dizendo NÃO à discriminação.
Dizer não à discriminação na escola supõe, desde cedo, questionar qualquer atitude de rejeição ou discriminação e estimular atitudes de reconhecimento e aceitação do diferente. Embora nesta faixa etária a discriminação seja menos freqüente, faz-se necessária uma constante vigilância, por parte do estagiário, no sentido de identificar as possíveis causas da rejeição, especialmente quando atingirem uma mesma criança.
Objetivos:
• Propor formas concretas de minimizar a rejeição e discriminação na escola.
• Comprometer-se com atitudes de respeito aos direitos de todos à diferença.
MOMENTOS MATERIAIS
1º Dia
• “Conhecendo a história da Cléo”
• Livro de Desenho da História
• História Cléo, a ratinha diferente, (Material complementar).
• Folhas de papel e lápis de cor.

2º Dia
• Confeccionar a boneca Cléo
• Brinca ou não brinca? Pense bem para responder
• Argila Corporal • Materiais variados para confecção de um boneco: tecido, algodão, jornal, lã, botões, fitas, tinta.
• Folha de papel grande, para registro da produção dos grupos, pelo estagiário.
3º Dia
• Plano Infalível I
• Transformando a História
• Plano Infalível II – para a escola de gente • Cartolinas e pilot.

Orientações gerais para o estagiário:

A história de Cléo, uma ratinha diferente que não aprendia a roer, poderá trazer à tona a história de muitas “Cléos”. Este é o objetivo da história: sem personificar, reconhecer as situações de discriminação presentes na sala de aula e favorecer que os alunos reflitam sobre a atitude de rejeição e discriminação geradores de sofrimento. Pretende-se ainda que, através de identificação positiva com a ratinha, possam modificar suas atitudes, no plano real, no sentido da aceitação e da não discriminação. Sugere-se que o estagiário identifique possíveis analogias que as crianças poderão fazer com situações reais e prepare-se para trabalhá-las, junto à turma, para sua superação. Sugerem-se, ainda, ter presente as situações de rejeição e discriminação que emergiram ao longo das oficinas anteriores, buscando integrá-las a presente discussão e aos compromissos das crianças para minimizar a discriminação na escola.
As atividades sugeridas nesta oficina relacionam-se mais especificamente aos conteúdos curriculares de Comunicação e Expressão e Literatura. Trabalha-se a compreensão e interpretação de história, a criação de textos, a dramatização etc.

Desenvolvimento das Atividades
1º Dia: Conhecendo a História de Cléo
Atividade 1: História da Cléo
Organizar uma rodinha com as crianças, procurando criar um clima de proximidade e concentração. Contar a história de “Cléo, a ratinha diferente” (disponível no material complementar), procurando valorizar os diálogos e atribuindo vozes aos personagens.
Favorecer diálogo sobre a história, ampliando sua compreensão:
• Quais são os personagens desta história?
• Em que a Cléo era uma ratinha diferente?
• O que a mãe da Cléo fazia?
• O que aconteceu quando a Cléo entrou para a escola?
• Como era tratada pela professora e pelos colegas?

Atividade 2: Livro de Desenho da História
Solicitar às crianças que desenhem, individualmente ou em grupo, uma ou duas cenas que mais lhes chamou atenção. Os desenhos são apresentados à turma e cada criança ou grupo explica porque escolheu esta parte para desenhar. Aproveita-se este momento para ampliar o diálogo e destacar a rejeição e discriminação como atitudes geradoras de sofrimento. Com os desenhos pode-se montar um livro de história da turma ou painel.

2º Dia: Ufa! Acabamos! Agora a Cléo vai fazer parte da nossa turma
Atividade 1: Confeccionar a boneca Cléo
Convidar a turma a criar a Cléo – boneco de pano, colagem, papel marchê, sucata – para que venha fazer parte da turma. É importante que a representação da Cléo expresse tristeza, isolamento. O processo de confecção da ratinha deve ser compartilhado, planejado. É indispensável que todas as crianças sintam-se comprometidas e responsáveis com algum aspecto. Pretende-se gerar, no grupo, um sentimento de afeto pela ratinha. A Cléo poderá ficar em lugar de destaque que na sala, visitar a casa das crianças, participar de jogos e brincadeiras, etc.
Atividade 2: Brinca ou não brinca? Pense bem para responder
Organizar a turma em grupos, buscando as composições mais adequadas, por exemplo, criança que experimente rejeição dos colegas deverá ficar com crianças mais acolhedoras; evitar que fiquem no mesmo grupo que crianças que tenham animosidade entre si. Criar um ambiente de fantasia, transformando a turma em ratinhos e ratinhas.
Os grupos de ratinhos e ratinhas deverão conversar sobre a questão:
• Imaginem que vocês são da mesma turma da Cléo. Vocês vão deixar a ratinha brincar junto com vocês? Por quê?
Mantendo a fantasia de estar no mundo dos ratos, registrar as respostas dos grupos, em
papelógrafo (grande mural) dividido em duas colunas: de um lado escrever as explicações para quem respondeu sim e de outro para quem respondeu não.
Após todos os grupos apresentarem suas opiniões, ler as justificativas auxiliando as crianças a compararem as respostas da turma com as atitudes dos ratinhos e ratinhas da turma da Cléo.
Atividade 3: Argila Corporal
O estagiário deverá propor que as crianças formem duplas, e fiquem dispostas um de frente para o outro. Um deles será a argila e o outro será o escultor. O aluno que será a argila deverá ficar com os olhos fechados, e o aluno que fizer o escultor deverá modelar diversas formas corporais no corpo do coleguinha.
3° Dia: Continuando a desenvolver a Història de Cléo
Atividade 1: Plano Infalível I
Incentivar as crianças a finalizarem a história, elaborando o plano de ação para mudar a atitude dos colegas da Cléo, em relação a ela.
• Reler o final da história e solicitar, aos grupos, que pensem o que pode ser feito para mudar o que acontece na escola, com a Cléo. As propostas de soluções dos grupos podem ser apresentadas em forma de dramatização, desenho, relato, etc.
• Ao final das apresentações a turma discute e escolhe a proposta de que mais gostou.
Atividade 2: Transformando a história
O estagiário orienta o debate e a escolha, valorizando as propostas que de fato impliquem em mudança de atitude dos colegas de Cléo. As propostas são escritas em papel e colocadas no mural. Sugerem-se vários desdobramentos para esta atividade:
• Reescrever o final da história, coletivamente, levando em conta as mudanças sugeridas pela turma;
• Desenhar a Cléo e seus colegas depois das mudanças indicadas pela turma;
• Refazer a Cléo, produzida no 2º momento, alterando sua expressão fisionômica.

Atividade 3: Plano infalível II – para a escola de gente
Neste momento, toda a discussão realizada em torno da Cléo – a ratinha que era rejeitada na escola – será transferida para a realidade da sala de aula e da escola. É preciso muito cuidado para não expor as crianças que sofrem rejeição, piorando sua situação.
Estabelecer um diálogo com a turma:
• O que aconteceu com a Cléo só acontece na escola dela?
• Como é na nossa escola?
• Será que fazemos coisas que deixam os colegas tristes e sozinhos?
• O plano de ação feito para a escola da Cléo serve para a nossa escola?
Outras questões podem ser levantadas a partir da necessidade do grupo. É imprescindível estar atento ao desvelamento de situações de rejeição e discriminação que acontecem na turma, procurando levá-lo a refletir sobre as formas de superar estas situações. É o momento de fortalecer as crianças que sofrem rejeição/discriminação, para reagirem à situação.
Propor a elaboração do Plano Infalível II – para escola de gente.
O que fazer para que não aconteça com as crianças da turma o que aconteceu com a Cléo? A partir de um cochicho, em duplas, levantar idéias para o plano. As duplas apresentam suas idéias e o estagiário registra, em papelógrafo, as aprovadas pela turma. Reler o conjunto das propostas e verificar se todos estão de acordo em assumir como compromisso o que foi proposto.
Valorizar o trabalho realizado e perguntar o que podem fazer para convencer todo mundo de que é preciso respeitar, reconhecer, não rejeitar e discriminar. Perguntar se gostariam de fazer uma campanha na escola mostrando os compromissos que a turma assumiu. Pode-se, por exemplo, organizar uma passeata pela escola, utilizando cartazes desenhados pelas crianças e falando ou cantando palavras de ordem, retiradas dos compromissos assumidos.

Material Complementar - (pág. 34 a 36)
“Cléo, a ratinha diferente”, de Marilena Varejão Guersola
Cléo era uma ratinha diferente. Desde muito pequena seus pais perceberam que ela não era igual a seus irmãos e suas irmãs. Era alegre, delicada, brincalhona, mas não gostava de roer. Onde já se viu uma ratinha que não gosta de roer? Sua mãe fazia de tudo para ensinar à Cléo.
- Olha aqui, Cléo – chamava sua mãe – este paninho é tão macio e colorido, tenta mais uma vez... Vou mostrar como é, você começa aqui da pontinha e vai roendo, roendo, até o final.
- Agora não, mamãe, mais tarde eu faço isso.
- Na... na... na... na... não! Agora.
- Está bem, mas só um pouquinho.
Era sempre assim, Cléo tentava, roia um pouquinho e logo desistia. Quanto mais à ratinha crescia mais sua mãe ficava preocupada.
Na idade de uma ratinha ir para a escola, Cléo foi matriculada e Dona Ratazana se encheu de esperança. Pensou: agora minha cria aprende a roer.
Imaginem só o que aconteceu!... Vocês acham que Cléo aprendeu a roer na escola? Nada disso!
Na primeira semana de aula a professora já achou aquela ratinha muito diferente, esquisita. E não foi só a professora, os colegas também acharam há Cléo um pouco biruta. Afinal, ratos e ratas gostam de roer.
Esta cena se repetia quase todo dia:
- Cléo, você fez o dever de casa?
- É... bem... fiz, mas... – falava timidamente.
- Fez ou não fez? Me dá isto aqui, deixa ver! De novo, Cléo?! A tarefa era roer e não bordar. Quando é que você vai tomar jeito de rata?
E, perguntando a outro aluno: - Joaquim, você fez o dever de casa?
- Claro professora, fiz todinho. Olha aqui..., mostrando uma blusa de malha cheinha de buracos, que mais parecia uma renda.
- Isto sim, é um rato de verdade.
Cléo não entendia porque tinha que saber roer. Afinal, ela sabia fazer outras coisas que gostava muito e que achava importante, como por exemplo, bordar. Isto mesmo, a ratinha gostava de costurar e bordar.
O pior a ratinha era perceber que os colegas não gostavam dela. Sentia-se rejeitada, discriminada. Ninguém queria brincar com ela. Na hora do recreio acontecia sempre a mesma coisa:
- Posso brincar com vocês?
- Sai daqui Cléo, você nem sabe roer, como quer brincar com a gente?
- Mas vocês estão brincando de pique e...
- Não queremos uma rata doida brincando com a gente!
Para não ficar sozinha a ratinha ia procurar outro grupo, quem sabe... Antes mesmo que Cléo falasse...
- Ih! Lá vem aquela rata.
- É mesmo, ela nem sabe roer.
- Anda, vamos sair daqui antes que ela peça para brincar com a gente outra vez.
- E, vamos logo, eu é que não quero ficar perto de uma rata assim...
Cléo ouviu tudo, deu meia volta e muito triste foi brincar sozinha. Descobriu que espalhado pelo chão havia botões que caiam das roupas roídas e começou a catá-las.
A tristeza de Cléo aumentava a cada dia. Não tinha mais vontade de ir para a escola. Em casa já não cantava, como de costume. Sua mãe estava preocupada de verdade! Um belo dia Cléo sumiu. Procura daqui, procura dali...
- Cléo, onde está você? – Gritava sua mãe, gritavam seus irmãos e irmãs...
- Cleeeeoooo, Cleooooooooo, Apareceeeeeee...
Até que depois de duas horas a ratinha foi encontrada. Estava debaixo do armário bem quietinha. E, adivinhem o que estava fazendo... Ela estava pregando botões em algumas roupas.
- Meu Deus, que horror! Em vez de roer, Cléo fica escondida costurando!
Muito sem graça ela diz:
- É, eu gosto de costurar....
- Larga tudo isto aí e vai já para a escola.
- Não, por favor, eu não quero ir para a escola.
- E porque não quer ir à escola?
- Porque os meus colegas não gostam de mim – choramingou baixinho.
- Também, quem pode gostar de uma ratinha que gosta de costurar? Já para a escola - ordenou Dona Ratazana muito zangada.
Lá se foi nossa amiga Cléo para mais um dia de escola... olhos tristes, cabeça baixa,lábios caídos... O que será que a aguardava?
- Muito bem, muito bem, - disse a professora – agora organizem grupos para desenhar a história que eu acabei de contar.
Como já era de esperar, Cléo foi excluída de todos os grupos. Ninguém aceitou trabalhar com ela. A professora tentou convencer a algum grupo a aceitá-la, mas foi em vão. Com o rosto banhado em lágrimas Cléo foi fazer o trabalho sozinha. Continuava sem entender porque não queriam sua ajuda se ela até sabia desenhar.
Um dos ratinhos, que havia rejeitado a Cléo, ficou comovido com a tristeza da colega e começou a conversar sobre o assunto com seu grupo.
- Olha só como a Cléo está triste.
- É, até que ela é um pouquinho legal....
- Ela só é diferente
- Não sei,não. Não estou gostando nada deste papo.
- Você ia gostar de estar no lugar dela?
- Não!
- Então? Acho que temos que fazer alguma coisa.
- É, mas o quê? A gente nem conhece ela direito. A gente só sabe que ela não gosta de roer.
Depois de muito pensar, os ratinhos elaboraram um plano de ação para mudar de vez a maneira da turma se relacionar com a Cléo. Vocês querem saber o que eles planejaram?
Ah! E agora? Perdi o papel onde o plano estava escrito e não posso terminar a história. Vocês querem me ajudar? Talvez,juntos, vocês possam pensar um plano de ação para os ratinhos e ratinhas, colegas da Cléo, mudarem a maneira de se relacionar com ela.
Nós todos queremos ver a Cléo feliz, não é verdade? Então, terminem esta história por mim.

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